30.5.08

Algumas idéias sobre Personal Che

Nesta terça-feira, que é quando pretendo pôr esse post no ar (começo a escrevê-lo na sexta anterior), Personal Che terá sua primeira cabine para a imprensa. Começa uma nova fase do debate que o filme propõe: um debate com a crítica especializada. Antes, nas exibições ocorridas no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, o debate foi, grosso modo, com o público. E esse público, grosso modo, discutia comigo o conteúdo do filme, muito mais que a forma. Pode-se debater os limites entre um e outro, mas creio que todo mundo lendo saberá a que me refiro. Decidi então escrever algumas notas, algumas considerações de saída, para situar minhas posições a respeito do filme.

Jornalístico? Não acho que esse documentário seja jornalístico, como já disse um que outro crítico. Jornalismo geralmente envolve respostas e para mim o filme termina em pergunta e desacordo. Em termos jornalísticos, portanto, falha. Há, claro, alguma busca de fatos e comprovações, questionamento de posturas, gosto pelo contraditório. Isso é tão jornalístico quanto é antropológico, psicanalítico. Dito isso, não vejo problema algum em mesclar jornalismo, antropologia e cinema. Não me interessa estabelecer limites entre os três. Me interessa fazer filmes e escrever.

• Intelectuais e "gente" Não vejo qualquer absurdo em misturar os dois. Intelectual também é gente e tem suas idiossincrasias, "gente" também é inteligente e pensa a respeito das coisas. Estava mais interessado em ouvir o saber de cada um deles do que em classificar que tipo de saber era esse. Todos foram extremamente generosos em suas idéias, que é o que importa. Che nesse filme, no fim das contas, é uma idéia.

Autoralidade compartida O esforço de buscar a voz autoral desse filme deve levar em conta o fato de que há dois autores. Adriana Mariño e eu pensamos cinema de forma bastante distinta. Disso resultam duas coisas: uma certa confusão, que pode desorientar, e um debate interno e orgânico, que me parece encantador. Há uma conversa autoral permeando Personal Che.

Interferência Não houve qualquer encenação no filme, nada armado para as filmagens – exceto as entrevistas, claro, que foram agendadas, pesquisadas etc. Sempre que interferimos no que se passava em frente à câmera, tivemos o cuidado de deixar isso claro. Me parece absolutamente razoável para um filme como esse questionar as pessoas com quem dialogamos. Vou além: expor a controvérsia guevariana não ocorreria de outra forma.

• Tema Se isso ainda não estava claro o suficiente, que fique: esse filme não é sobre Che Guevara.

14.5.08

Ó, pá



O site do filme já está em bom português!

13.5.08

¡Para la sociedad del semaforo!



Ruben Mendoza, o mais talentoso proto-longa-metragista colombiano que conheço, saiu-se com esse ácido vídeo de cinco minutos para pedir dinheiro para seu primeiro longa, La sociedad del semaforo. O filme contará a história de um grupo de mendigos bogotanos que buscam uma maneira de retardar a luz verde dos semáforos da cidade por dez segundos para aumentarem seus rendimentos. O vídeo que você assiste aqui vale pela completa ausência de bom-mocismo, algo que às vezes faz falta às produções deste lado dos Andes.

12.5.08

O pôster


Design de Angélica de Oliveira.

Maravilha


Um dia pensava em como incluir meu cachorro em uma de minhas histórias. De repente, vi em cima da minha mesa minha caneca de Che Guevara. Aí bateu: "o Chehuahua!"
A frase é de Gustavo Higuera, autor de uma hilária história em quadrinhos onde guerrilheiro argentino e cão mexicano se misturam.

Onde esse mundo vai parar...

9.5.08

Leituras dessa semana

• Anatomía del miedo, un tratado sobre la valentía, de José Antonio Marina.
Dinâmica de populações da espécie exótica invasora Artocarpus heterophyllus L. no Parque Nacional da Tijuca, de Rodolfo Cesar Real de Abreu.
Invenções e mais invenções, na New Yorker
• Um bate-papo entre Werner Herzog e Errol Morris, na Believer.

Descubro-me um renascentista de quinta categoria.