19.12.08

Posso adiantar os foguetes?

Dia de festa por aqui, caríssimo leitor.

Personal Che foi selecionado pelos críticos de O Globo como um dos dez melhores filmes brasileiros do ano! Entrou num grupo fortíssimo de docs: os únicos dois outros não-ficcionais do ranking são Juízo, da multipremiada Maria Augista Ramos, e Serras da desordem, de Andrea Tonacci – que é simplesmente uma obra-prima. Os melhores do ano agora estão sendo votados pelo público nesse link. O que dizer? Gracias, gracias y más gracias.

Além dessa ótima notícia, soube hoje que o roteiro de meu próximo filme, A pílula, foi um dos selecionados entre 3800 projetos do mundo todo para o Talent Campus do Festival de Berlim. O projeto vai ter o prazer de apanhar muito na mão de diversos especialistas europeus. Em outros anos, o Campus teve como mestres gente como Stephen Frears, Walter Salles, Mike Leigh, Walter Murch, Christopher Doyle, Win Wenders, Amos Gitai, Michel Gondry, Fernando Eimbcke...

Em resumo, o Natal chegou antes. E olha que eu não gosto de Natal.

17.12.08

Personal Che em Londres


Estamos orgulhosíssimos: acabamos de saber que o filme fará parte da série "Cuba aos 50" do melhor clube de correspondentes do mundo, o Frontline Club, de Londres. Para quem estiver na terra da chuva, a sessão vai ser na sexta-feira, dia 9 de janeiro. Mais detalhes no site do Frontline. Infelizmente não vou poder comparecer de corpo presente, mas há o grande risco de me materializar via skype pra conversar com os presentes.

10.12.08

O renascentista de Miraflores

O nariz de Fidel é um problema



(Publicada originalmente na Piauí 27)

O venezuelano Armando Julio Reverón foi um dos principais pintores modernistas de sua época. Seu compatriota Jesús-Rafael Soto, falecido em 2005, ficou notório pelo legado de obras cinéticas. O caraquenho Carlos Cruz-Diez já teve suas peças expostas no MoMA, na Tate Modern e no Centre Georges Pompidou, três templos da arte contemporânea. É considerado hoje um dos maiores artistas plásticos vivos da América Latina.

Mas o quadro mais caro a ir a leilão na Venezuela não foi assinado por nenhum deles, e sim por um diletante, famoso por outras façanhas que não as pictóricas: Hugo Rafael Chávez Frias, apresentador televisivo de verve, cantor bissexto, militar condecorado e presidente em tempo integral da República Bolivariana.

La Luna de Yare foi vendida em setembro a três empresários venezuelanos. Os 550 mil bolívares fortes (cerca de 480 mil reais) desembolsados caíram direto nos cofres do Partido Socialista Unido da Venezuela, empenhado em mais uma campanha. As eleições regionais - que muitos encaram como um novo plebiscito sobre Chávez - ocorreram na segunda quinzena de novembro.

A tela, de 50 centímetros de base por 60 de altura, fez parte do jogo político desde sua criação: foi pintada em 1993, enquanto Chávez esteve preso na Penitenciária de Yare, após um fracassado golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez. Reproduzindo a paisagem gradeada vista de sua cela, o artista pintou um céu negro, uma lua alaranjada, uma guarita de vigilância e dois postes acesos, cada um com sua nuvem de cupins. Embaixo da janela, colocou uma frase do filósofo grego Sexto Empírico, não se sabe se rabiscada na parede original ou se acrescentada apenas na tela: "O moinho dos deuses... mói lento!" A frase está pela metade, parecendo manifestar pouco mais que tédio. O verdadeiro sentido vem à tona quando se conhece a outra parte: "Mas mói muito fino." É a perfeita expressão de um homem que sabia ter perdido a batalha, mas não a guerra.

Quando a notícia do leilão se espalhou, a intelligentsia local se retorceu em cólicas estéticas. "Não exibiria o quadro no meu museu porque só exponho obras criadas por artistas. E para a minha coleção pessoal não quero isso nem se me for dado", disse um iracundo Ali Cordero Casal, presidente do prestigioso Museo de Arte Acarigua-Araure. Noves fora as ressalvas às grades ("nota-se certo esforço", ajuizou mais de um), a maioria fez coro com o artista Ricardo Benaim, que cunhou o termo "cagante" especialmente para descrever a obra. "Chávez é nosso melhor artista conceitual. Se em vez da presidência se dedicasse a fazer performances do que é ser um chefe de Estado, seria convidado para todas as mostras." Pela pintura? "Pagaria trinta contos." Parecia não haver mais caldo a entornar quando o maior crítico de arte do país, Perán Erminy, levantou suspeitas sobre a autoria da obra. Por pior que fosse o quadro, disse, ainda era muito melhor que tudo já feito pelo suposto autor: "Não corresponde em nada à maneira dele pintar. As grades, por exemplo, estão bem feitas, em linha reta, espaçadas com regularidade. Tudo que Chávez desenha fica torto. É uma coisa quase patológica."

Erminy fala com propriedade. Foi o primeiro - e até onde se sabe, único - curador a montar uma exposição do Chávez pintor, no Museo Salvador Valero, quando ele ainda estava preso. "Eu preparava uma coletiva de artistas populares quando seu pai apareceu com três quadros. Pedi mais alguns para fazer uma individual - me pareceu curioso que um militar golpista tivesse pendores artísticos." Hoje, justifica sua escolha com o seguinte argumento estético: "A qualidade era muito baixa. Tão baixa que chegava a ser interessante."

Mas, se não foi Chávez, quem, então, cometeu La Luna de Yare?

O nome salta da língua de Erminy com a rapidez da certeza: Efraín "Chepín" Lopez, pintor militar de 72 anos especializado em cenas históricas. Segundo o crítico, quando Chávez foi eleito e mudou-se para o Palácio Miraflores, encontrou-o pintando telas oficiais num pequeno estúdio. Com o tempo, Chepín teria se tornado seu amigo e preceptor. "Ele se impacientava porque Chávez não seguia suas instruções, e acabava pedindo os quadros para terminá-los. Contente de ver suas obras aperfeiçoadas, Chávez contribuía com sua assinatura." Erminy diz que o guerrilheiro que expôs no começo dos anos 90 seria incapaz de manejar luz e profundidade da maneira que se vê na tela.

Chepín tem uma versão diferente. "Conheci Chávez há 33 anos, na Escola de Infantaria e Blindados, onde nasceu nossa grande amizade. Às vezes, fazíamos juntos murais em quartéis e coisas assim. Nessa época ele estava iniciando sua formação histórica, filosófica, moral e espiritual. É um ser especial, um coração bondoso." Sim, mas e o quadro? "Pois é, houve esse crítico que disse que La Luna de Yare seria minha. Não, nunca. Isso é sagrado. O que faço para o presidente é limpar seus pincéis, deixar tudo arrumado no estúdio e dar alguns conselhos." Ele cita um exemplo: "Outro dia, Chávez me acordou no meio da noite para pedir ajuda com um retrato que está pintando de Fidel. Está tendo problemas com o nariz." Chepín garante que, desde as primeiras aulas, o exguerrilheiro tem todas as ferramentas para fazer um quadro nos moldes de La Luna. "As linhas, os círculos, os triângulos, tudo, tudo, tudo."

Influências e estilo do mandatário são outro tema controverso. "É um pintor quase autodidata, popular. Muito espontâneo. Lê muito, muitos livros de pintura, de arte, mas faz sua própria pintura, uma pintura cheia de poesia. Ele é um poeta ingênuo, de muita pureza", afirma Chepín. O crítico de arte Erminy tem opinião mais cética: "Influências? Não sei se existe alguma", contesta. "Não é como se ele quisesse fazer algo expressionista ou distorcido. Sai assim involuntariamente. A única coisa que consigo imaginar como influência de Chávez são uns calendários com fotos de chalezinhos suíços muito populares nos vilarejos do interior. Os oito ou nove óleos da mostra que organizei mostravam esse tipo de paisagem."

Vitupérios ditos e desmentidos expostos, parecia que a polêmica seria tão renhida quanto curta. Foi quando se soube que o preço recorde sequer havia sido pago por um trabalho original: o que estava dentro da moldura vendida aos três empresários era uma cópia fotográfica. Segundo Erminy, "dessas feitas com máquina xérox colorida". E sequer era a primeira cópia, dada há um ano para o líder cubano Fidel Castro (é razoável supor que ainda adorne seus aposentos em Havana).

A tela original, feita por quem quer que seja, fora vendida dez anos antes ao petro-empresário venezuelano Rafael Tudela, pelo equivalente a 2 mil reais, num leilão para financiar a campanha da primeira eleição de Chávez. A se tomar pelo valor atingido uma década depois, o quadro valorizou 240 vezes, ou 12 000%. Em tempos de nova instabilidade petrolífera, a Venezuela já tem sua salvação.

8.12.08

O homem elefante

Elefante que se preza ouve Bob Dylan



(Publicada originalmente na Piauí 27)

À meia-noite de 23 de setembro, uma elefanta chamada Hildra fugiu do Gran Circo Unión, nos arredores da Cidade do México. Tudo aconteceu muito rápido: junto com dois outros paquidermes, ela havia sido liberada para tomar água; na volta, um gato preto passou-lhe entre as patas. Assustada, Hildra se descontrolou, arrebentou um portão de metal e ganhou a rodovia México-Pachuca. Correu por alguns quilômetros até alcançar a via expressa que levava a Teotihuacán. Ao atravessar na contramão a cancela número três do pedágio, viu crescerem os faróis do ônibus conduzido por Tomás López Durán. O veículo se chocou contra as 4 toneladas e meia do animal, encerrando ali a história de ambos.

Uma hora e meia depois, apitou um alerta no computador de Dan Koehl, em Estocolmo. Aos 49 anos, ele comanda de um laptop em sua cozinha o site www.elephant.se, maior base de dados sobre elefantes no mundo. Através de uma comunidade chamada Elephant Gossip [Fofoca de Elefante], Koehl recebe dicas de quase trinta informantes regulares - estudiosos e tratadores dos Estados Unidos, Sri Lanka, Tailândia e da Europa. Foi assim que, pouco tempo após a publicação do óbito por uma agência de notícias, Koehl já acrescera ao fato as informações de que Hildra nascera numa selva da Índia, 45 anos antes, e que, provavelmente, fora comprada de algum circo americano. br /> br /> O site, com poucas imagens, tem um design tão delicado quanto a pele de um paquiderme. Não rende um centavo, mas é atualizado cerca de vinte vezes por semana. É nele que Koehl monitora os mais de 4 mil elefantes de 98 países dos quais tem conhecimento, noticiando nascimentos (como o de Samudra, nos Estados Unidos), óbitos (Suwako, no Japão), transferências (Raisa, enviada do Rio de Janeiro para Sorocaba), tramitação de leis (nova reserva para os animais na Índia) e ameaças (60 elefantes selvagens mortos no Sri Lanka em 2008). Além disso, o site ainda conta com tratados históricos, estudos sobre o comportamento da manada e detalhadas instruções relativas à saúde do animal, com dicas que vão do pH ideal da água à forma correta de lhes cortar a unha. É uma Bíblia em tempo real para quem lida ou gosta dos bichos, algo entre o New York Times e a Wikipedia da elefantografia. O responsável pela obra assina seus e-mails como "Dan Koehl, enciclopédia de elefantes".

A paixão zoológica de Koehl surgiu aos 17 anos, quando, numa visita de quatro meses ao Sri Lanka, conheceu os mahouts, homens que dedicam suas vidas ao simpático animal. No retorno à casa, o encanto virou trabalho sério: hoje, além de prestar consultoria a instituições européias, parques zimbabuenses e orfanatos de animais na Tailândia, é ele quem trata a pão-de-ló os três elefantes do rei Carl Gustaf da Suécia. Nesses últimos trinta anos, Koehl passou mais tempo ao lado de elefantes que de homens. Conhece profundamente o comportamento do bicho, segundo ele, de inteligência comparável à de cetáceos (baleias, botos e golfinhos) e grandes primatas (chipanzés, bonobos, orangotangos, gorilas e humanos - mas não todos). "Na verdade, a variação dentro desses grupos é maior que a variação entre esses grupos, o que equivale a dizer que um elefante brilhante pode ser muito mais inteligente que uma pessoa burra", ensina. Uma prova rápida é dada quando Koehl pede a seus pupilos que trombeteiem. "Sawadee!", vocifera, a que Sao Noi (Menininha) e Kuo (Flor de lótus) prontamente respondem, soando como dez Miles Davis sem partitura. Saudar na língua-mãe - os dois foram um presente do governo tailandês, em cuja língua sawadee é algo como "e aí?" - é um sinal de deferência de Koehl, já que a maior parte da comunicação entre humanos e elefantes se dá num dialeto que mistura o cingalês, o alemão e o inglês, fruto do último século e meio de relações entre as duas espécies. O Ceilão, hoje Sri Lanka, foi um dos lugares onde o alemão Carl Hagenbeck, o maior mercador de animais selvagens do século XIX, capturou mais exemplares para seu plantel. O que o alemão foi para o tráfico, o americano P. T. Barnum foi para o circo, explicando a porção anglófona do léxico elefantino. Koehl diz, contudo, que o dialeto é flexível feito tromba. "Eles aprendem comandos e línguas rapidamente."

Avesso ao ambientalismo politicamente correto, o tratador desdenha do discurso anticirco de grupos de defesa dos animais, lamentando que alguns estados no Brasil tenham proibido os paquidermes em espetáculos. "As pessoas não sabem que, em certas partes da Ásia, elefantes são animais tão domésticos quanto cães e cavalos. Para mim, o ideal seria que espécimes fora da natureza dividissem seu tempo entre zoológicos e circos onde fossem bem tratados. Só zoológico os deixa deprimidos, reumáticos, flácidos. Já o circo é um bom workout, e incita o contato com humanos. Precisam das duas coisas."

Para ilustrar, ele cita o caso do terceiro elefante real - Saba, uma quarentona vinda do zoológico de Dompierre-sur-Besbre, na França. "Lá, ela vivia com outra elefanta em regime de separação absoluta dos humanos, sendo alimentada e lavada através de uma grade. Mas o caso é que Saba não tem a menor paciência para elefantes e adora gente. Resultado: estava entediadíssima quando chegou." Koehl diz que nos bosques de sua majestade, a amiga tem espaço para passear e interagir com animais de outras espécies. Garante, inclusive, que ela gosta de música, com especial predileção pelo pop americano dos anos 60. "Como eu sei? Bom, se um bicho de 4 toneladas sai de onde está e pára do meu lado balançando a tromba quando eu canto Wooden Heart, do Elvis, ou Tomorrow Is a Long Time, do Bob Dylan, acho que é porque está se divertindo. Herbívoros encaram o silêncio como sinal de que há predadores por perto, sabe?" Para que nenhum elefante em cativeiro tenha que lidar com o angustiante ruído da solidão, Koehl tem empenhado grande parte do seu tempo nos últimos meses em um projeto de âmbito global: uma rede telefônica sem fronteiras, conectando animais de diferentes zoológicos. Ele explica que elefantes usam infra-sons para se comunicarem a grandes distâncias na natureza. O ruído dá conta de quem está falando, inclusive. "Por isso pensei: e se instalarmos microfones e alto-falantes em dois lugares diferentes para que eles se comuniquem? Veja o caso da Saba: ela está muito bem aqui, mas soube que a elefanta que ficou para trás andava triste, pensativa. Imagine: você vive com alguém por anos e de repente essa pessoa desaparece. Não seria genial que elas pudessem se falar de novo, dizer 'está tudo em ordem, pode ficar tranqüila' e tocar a vida adiante?"

O projeto experimental começa este mês com os elefantes do Zoológico de Colônia, na Alemanha. Para evitar qualquer desentendimento na conversa - a despeito do poliglotismo dos bichos -, Koehl preferiu que todos os elefantes nessa fase inicial fossem de origem asiática.

6.12.08

She is the walrus



Sim, é o que você está pensando. Não, não é uma montagem.

3.12.08

Algumas coisas aprendidas ou não

Tiros podem não doer se você estiver bem vestido. Esquilos comem nozes, mas também laranjas. Os de pelo preto parecem urubus. Nenhum parece um rato. Todos os policiais mexicanos têm esplêndidos uniformes. Nenhum tem bom caimento, mas penso que é por conta de carnes sobrando. Metade não é confiável, segundo o presidente do país. Políticos pegam aviões para morrer no meio da cidade. Traficantes preferem tiros. Mas também cortam cabeças. Elefantes preferem a estrada e bater de frente com um ônibus. Suecos gostam de elefantes. Ao menos um sueco. Chávez gosta de pintar. E o faz mal. Se é que faz. México, cactos, desertos, sombreros para aguentar o calor. Faz um frio enorme no México. Neva, dizem, mas eu não vi. Em várias cidades só há mulheres, crianças e velhos. Não houve guerra, mas uma espécie de conquista. Por pior que o país vizinho vá, é melhor que aqui. "Longe de Deus, perto dos EUA", disse um. Mexicanos são ruins de teatro (os que eu conheço). O melhor que vi era dirigido por um americano filho de judeus russos que fala pouco espanhol. A música é bruta, esporrenta em todos os sentidos, ou seja: de mau gosto, alegre. Andam muito de carro, até para chegar até a quadra seguinte. As mulheres se maquiam. Muito, em qualquer lugar. Para esperar o metrô, que não demora, senta-se no chão. Há uma fábrica estatal especializada em mastros e bandeiras monumentais. Há muitas pela cidade. No dia da Independência é carnaval. Há muito lixo nas ruas e poucas lixeiras. Há muitas cabeças cortadas, mas quase todas são de traficantes, assim todos continuam continuando. Lê-se jornais: La Jornada para os de esquerda, La Prensa para os qualqueres, Universal pra quem sabe dar descontos, os outros pros que têm bom gosto e melhor bolso. Em Polanco não é México. Em Índios Verdes acaba a linha verde do metrô e realmente há índios verdes. Ao menos dois, dizem. Eu não sei, e não me pareceu importante, já que só são dois em vinte milhões. Sinaliza-se a ré para um amigo com pancadinhas contínuas. Pára-se quando se quer que pare-se o carro. Sorvetes são bons e todos de Michoacán. Grilos são de Oaxaca (diga Oahaca ou te corrigem). Dizem que são bons, mais limpos que camarão. Qual será a graça deles, então? Pimenta, sal, açúcar, chocolate, azeite, milho mofado e flor de abóbora e cogumelos combinam. Qualquer coisa combina com feijão. O ar na saída do metrô é milho frito. Dentro do metrô é quente e cheio de música. Os cegos cantam e usam uma calhazinha para deslizar suas bengalas até o milho frito. Cantam bem. Quase tão alto quanto as mochilas amplificadas cheias de MP3. Lucy in the sky with diamonds esperando o trem (quase não se espera o trem, já disse). Não vi ninguém de sombreiro. Vi muita gente do campo de chapéu – um deles tinha uma cascavel seca e um ralador. Levanta a libido e evita a queda também do cabelo. Cinco estantes de gel para cabelo. Emos mais japoneses que os japoneses. All star, all star, all star. Roupa de listras. Tribos. Todo mundo igual. Preguiça no transporte. Pressa ao acordar. Guey, guey, guey. Poucos gays. Só num bairro chamado Condesa ou na Plaza Insurgentes. Deve ser piada de alguém. Mais mulheres que homens. Cílios postiços. Documentários. Cineteca. Tequila no masculino. Pão ruim. Tortillas azuis. Cabelos azuis. Sombras azuis. Paredes azuis. Paredes laranja. Esquilos equilibrando laranjas. Paredes de todas as cores, de todas as cores das roupas coloridas da sua namorada. Manhã depois da hora da manhã. Entardecer na hora certa. Bueno como alô. Padre como legal. Jitomate como tomate. Tu é tu, usted é muito mais sério. Presupuesto. Por supuesto. Guión. Betabel. De hecho. Así es. A lo mejor. Calderón. Huipile. Que tanto. Órale. "¿?"

Sim, fundamentalmente "¿?", México.