25.3.09

Fornicando


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Tirem as crianças da sala que o post é para maiores.

O que o digno leitor vê aí acima é nada mais, nada menos que um mapa de alguns bordéis em funcionamento no Rio de Janeiro... de uns cem anos atrás. Além disso, aparecem em azul algumas ruas particularmente suculentas, tais como registradas na crônica policial de então e compiladas atentamente pela pesquisadora Lena Medeiros de Menezes em seu Os estrangeiros e o comércio do prazer nas ruas do Rio (1890-1930). Não é nada científico – faltam diversos bordéis, por certo, a posição de sua numeração na rua pode ter mudado com os anos e sequer incluí ruas em que não consegui descobrir o nome novo.

Ainda assim, é um mapa onde ficamos sabendo que a Grampeadores e Grampos, na Luís de Camões 112, já fez coisa muito mais interessante e que a Termas Rio Antigo faz jus ao nome: há venda de pecado lá desde ao menos 1920 e poucos. A cidade subitamente ganha um ar mais licensioso.

Para quem estranhar as menções também a cemitérios, sinagogas e etc, vai a explicação: o mapa faz parte de uma pesquisa que faço para a documentarista argentina Gabriela Bohm, que vem ao Brasil em breve para as primeiras filmagens do seu Garotas da noite, filme sobre o aliciamento de judias do Leste Europeu por uma tentacular gangue de cafetões judeus a partir da virada para o século 20. Em certo momento, a Zvi Migdal chegou a administrar 3.000 bordéis no Rio, Buenos Aires, Nova York e outras capitais do mundo. As polacas criaram associações religiosas e funerárias próprias e deixaram rastros na criação de artistas tão díspares quanto Lasar Segall, Stefan Zweig e Moreira da Silva. Em breve mais.

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