Acabo de receber do meu pai um powerpoint sobre a "ditadura" venezuelana.
Nem me disponho a discutir os fatos contidos. São poucos. E a retórica antichavista, muita.
O que me interessa é o processo de transformação de Chávez em ícone pop. Acho que não demora muito a molecada começa a fazer e usar camisas do coronel. Algo de que ele certamente vai se orgulhar, dado sua admiração pelo argentino citado nesse espaço com tanta frequência.
Só que o processo "popização" não depende apenas de gente que goste do ícone, mas de gente que goste de odiá-lo – como acontece com Che, aliás. Não é incomum que o choque de gerações seja parte importante na construção desses ícones da rebeldia, da contracultura, escolha o nome. Uma espécie de provocação para o almoço de domingo.
Me impressiona muito a quantidade de pessoas que nunca se interessaram pelo que acontecia na Venezuela e que agora afirmam peremptoriamente que Chávez errou em tal coisa ou que está investindo mal o dinheiro do petróleo que tem no momento. E que sentem medo. Um certo medo – irracional – que acha, por exemplo, que uma hora dessas ele invade a Guiana e, depois, o Brasil.
Lembro que, quando ainda trabalhava na Internacional do JB, eu e Julia Sant'anna (que hoje observa a AmLat com muito mais rigor no Iuperj) brincávamos que essa nova onda de meia-esquerda na América Latina ia ajudar a gente a ganhar espaço no jornal. Vamos e venhamos, Chávez, Evo, Lula e até o Fidel em momento oculto são muito mais interessantes em termos de narrativa que aqueles burocratas ladrões que tomaram o continente nos anos 90.
Começo a concordar com o Regis Debray, que hoje afirma que a utopia é muito mais importante que a racionalidade na política. E que isso não é necessariamente ruim.
8.8.07
Pop e populismo
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment