Já terminou a festa pela libertação de Ingrid Betancourt? Pois bem, vamos varrer o merecidíssimo confete do chão e pensar para frente.
• Não há dúvidas de que a operação foi um sucesso. Mas de seus procedimentos surgem implicações: o governo disfarçou agentes como enviados de paz europeus, a ponto de treiná-los para falar espanhol com sotaque francês e suíço. Também divulgou nos jornais que esses enviados estariam no país. Como ocorrerá a mediação européia de novas libertações depois de França e Suíça terem colaborado silenciosamente com um golpe tão forte contra as Farc?
• É impressionante correr a imprensa colombiana e não encontrar quem questione o momento que Uribe escolheu para levar à frente a operação: em torno da visita ao país dos dois candidatos à Casa Branca. Não é demais lembrar que, além de Ingrid, havia três contratistas militares americanos nas mãos dos guerrilheiros. Todos – inclusive no Brasil – que são tão rápidos em criticar Hugo Chávez e até Lula por jogar para a platéia deveriam berrar agora também. Não é feito em palanque, não é berro em comício, mas se há um nome para o que Uribe fez essa semana com um assunto importantíssimo da segurança nacional de seu país, o nome é esse: populismo. Ainda que de forma sutil, presidente colombiano e o ministro da Defesa – ambos de olho nas próximas eleições presidenciais – jogaram com as vidas de 15 pessoas para ganho político. Mais: podem ter dado uma cartada definitiva (e fatal) no destino de quase três mil pessoas nas mãos das Farc. Não à toa, escolheram os reféns mais importantes. Custa acreditar que a elegância da Operação Jaque seja reeditada.
• Quem acha que os questionamentos não serão enterrados nas próximas semanas deve ter cuidado. Quando falam de política, os colombianos são os reis do desconversa. Não à toa uma pesquisa internacional chegou à conclusão que são um dos três povos mais felizes do mundo.
Comemoremos. Mas e se tivesse dado errado?
4.7.08
Adelante
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