6.11.08

Queda de avião mata ministro mexicano


© La Jornada

Saiu nova matéria para a Folha, sobre a queda de um avião aqui na Cidade do México:

"O México foi forçado a desviar sua atenção da vitória do democrata Barack Obama na noite de anteontem, quando um jatinho do governo federal caiu a poucos metros de um dos principais cruzamentos da capital do país, matando o secretário de governo (Casa Civil) Juan Camilo Mouriño, braço direito do presidente Felipe Calderón, além de uma peça-chave no combate ao crime organizado, o secretário para a reforma da Segurança, José Luís Santiago Vasconcelos."
O texto completo, para assinantes da Folha, está aqui.


(Agora que já passaram dois dias e matéria virou embrulho de peixe, segue o resto)

Até o momento foram confirmadas mais 12 mortes, seis delas de pessoas que estavam no lugar do desastre, e 12 feridos com queimaduras graves. Não há confirmação sobre as razões da queda; a hipótese de um atentado não está descartada.

O avião se espatifou pouco depois das seis da tarde numa zona movimentada e luxuosa da Cidade do México, as Lomas de Chapultepec, próximo ao entroncamento entre o Paseo de la Reforma e o Anel Periférico, ambos coalhados de automóveis na hora do rush. Ao cair, o avião explodiu, incendiando trinta carros e rompendo os vidros de diversos prédios. A queda agravou o trânsito já habitualmente caótico da capital.

Mouriño era o número dois do governo federal, assessor mais próximo e amigo pessoal de Calderón. Com apenas 37 anos, era um dos cotados pelo Partido da Ação Nacional para a sucessão de 2012 e o principal articulador no governo da reforma do setor petroleiro. Sua segunda pauta era a segurança.

Desde a posse de Calderón, em 2006, as estatísticas de assassinatos e seqüestros dispararam graças, segundo o governo, a uma política de enfrentamento. Mouriño e Santiago Vasconcelos eram os principais funcionários federais envolvidos no combate ao crime.

O governo informou que o avião voava em rota e altitude normais, ainda que excessivamente próximo de outras aeronaves. Ficou a apenas 4,5 km de um Boeing 767 minutos antes da queda, quando o normal é 6,5 km. Não houve nenhum aviso de emergência para a torre.

Especula-se que o piloto estivesse buscando refúgio da turbulência gerada pelo Boeing ou um ponto para um pouso forçado nos Bosques de Chapultepec, vizinho ao ponto de impacto. Peritos afirmam que sabotagens geralmente deixam um rastro de destroços até o ponto da queda. Nesse caso, o avião caiu inteiro, despedaçando-se apenas no chão.

O governo tem se esquivado das fortes especulações de que a aeronave foi alvo de uma sabotagem por parte dos "zetas", como são chamados os membros do Cartel do Golfo do México. Não seria o primeiro atentado contra Santiago nem a primeira ação terrorista do cartel.

Os "zetas" são acusados pelo ataque do dia 15 de setembro em Morelia, capital do Estado de Michoacán, em meio às festas da independência. Duas granadas foram detonadas na praça principal, matando oito pessoas e ferindo mais de 150.

Já Santiago foi alvo de inúmeros atentados na época em que era o czar do combate às drogas e sub-procurador geral da República, responsável por mais de uma centena de extradições de "capos" aos EUA. Teve a cabeça posta a prêmio: nada menos que US$ 5 milhões.

A estratégia do governo no momento é levar "zetas" e membros dos cartéis de Sinaloa e de Juárez à extinção mútua. Das mais de 4.600 mortes registradas esse ano, estima-se que perto de 4.000 sejam de soldados dos cartéis.

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