9.6.08

Apropriando-se de Ernesto

A semana passada foi rica em termos de apropriações de Che. Fui rápido demais no gatilho e já saí publicando o Che Grifado de uma marca de pilot indiana. Se houvesse esperado, poderia engrossar o caldo com coisas saborosas que encontrei dias depois.

Para comemorar o 80º aniversário de nascimento do argentino, o Centro de Estudios Che Guevara, chefiado pela viúva de Che, Aleida March, lançou um site. Há diversos textinhos e áudios de e sobre o argentino, mas basicamente coisa conhecida e que não impressiona quem já leu um pouco sobre o homem (embora seja interessante notar como o texto de Frei Betto recruta Guevara para a causa ambiental). O que gostei mesmo no site foi a galeria de cartazes em homenagem aos 80 anos.

O site infelizmente não dá mais informações sobre quem são os autores, mas reconheci alguns nomes de cartelistas cubanos (Arnulfo Espinosa, Pepe Menéndez) entre eles. Fiz um favor ao leitor do blog e descontei todos os exemplos que caíram na tentação fácil de fazer um trocadilho entre aniversário e homenageado estampando "oCHEnta" em suas obras. Eram, acredite, muitos. A seguir, os melhores (clique nas imagens para ampliar).

O bom e velho conceito de que Che é algo como um super-homem fica claríssimo no trabalho de Eduardo Moltó. A boa nova é que alguns já usam de irreverência para lidar com o mito, caso de Fabián Muñoz, com um cartaz tão simples quanto potente. Como entender sua frase? Significa que o mito permanecerá jovem ou que a "geração Che" não faz mais parte do imaginário cubano?



Novos elementos entram na iconografia, sinal de que o mito ainda vai ganhar fôlego com a contribuição de milhares de artistas que buscam fazer coisas novas com as velhas imagens de Che. Dois dos exemplos mais interessantes para mim foram a pacífica nuvenzinha de Orlando García e a genial pegada de Eduardo García. Seriam irmãos?



Depois de anos sendo pacificada, como diz o historiador de arte David Kunzle em Personal Che, a imagem volta a se rearmar. O tema meio anacrônico ganha roupa modernosa e sutil no diseño y colores de José Pepe Menéndez e tem a dureza quebrada por Luis Noa pela menção ao amor que deveria guiar todos os revolucionários, nas palavras de Guevara (clique em ambos para ampliar os detalhes).



Embora um ou outro ainda apele às armas para celebrar o guerrilheiro, muitos preferem uma interpretação mais pessoal e livre. Rodney Ramos o viu colado à pele, enquanto Eduardo Marín fez de Che o insuspeito padroeiro dos designers mordazes. :-)



Já ia me esquecendo de outras apropriações. A dica veio num comentário deste blog e vale a visita: é o Che Feio, que reúne imagens horrendas do revolucionário bonitão. Antes que achem que eles são militantes anticomunistas, já aviso que os autores do site também tocam o Mickey Feio, blog cheio de imagens asquerosas do rato proto-imperialista dos neo-liberales Estúdios Disney. Abaixo, uma palhinha: o Che (muito!) feio de Ricardo Foganholo.

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