31.3.08

Los hermanos



Não, o post não é sobre a banda, embora eu goste deles e lamente que não toquem mais juntos. O caldo desse começo de semana é, pra variar, ligado ao jornalismo e ao doc, dessa vez feitos abaixo do Rio Grande.

A primeira dica é tão sentimental quanto racional e cai como uma luva nesse abril em que faz um ano da minha volta de Bogotá, onde editei Personal Che. O É tudo verdade passa o mais recente filme de um dos grandes tiburones do cinema colombiano, Luis Ospina. Como acontece quase sempre em seus docs, Un tigre de papel é difícil de explicar: supostamente repisa a trajetória do artista Pedro Manrique Figueroa. Mas é bem mais que isso (e ênfase no "supostamente") . Tive o prazer de ser duramente criticado por ele e Rubén Mendoza (editor de Tigres e colega de apartamento) em uma das sessões privadas em que afinávamos a edição do PChe. Parte da obra de Ospina está no seu perfil no YouTube. Não destaco nada além do seminal Agarrando pueblo (partes um e dois aqui) para que os curiosos sigam o nariz fuxicando as pepitas.

Já na praia do jornalismo, Paulo Lima, do bacana Balaio de Notícias, de Sergipe, cantou a pedra de um texto do escritor boliviano Edmundo Paz Soldán no El País mais recente sobre os nichos do nuevo periodismo hispano. Paz vai adiante e garante que "quando a história literária da América Latina no início deste século for escrita, ter-se-á (gostaram?) que reconhecer que as grandes inovações da prosa local vieram da mão dos editores, cronistas, jornalistas e outros escritores de não-ficção". Anoto comigo que ouvi o mesmo argumento vindo de Tom Wolfe quando lançou seu manifesto do New Journalism, nos 60. A ver se a profecia do boliviano segue o mesmo destino de seu colega americano.

O artigo cita pontos que o leitor mais frequente (o singular não é casual) desse blog vai identificar: Etiqueta Negra, Gatopardo e – surpresa boa! – piauí. Paro novamente para anotar que a belezura da Glória é a que tem, de longe, a maior tiragem, aí pelos 50, 60 mil exemplares, um certificado (temporário, é verdade) de saúde financeira.

A peruana EN em breve voltará de seu longo e tenebroso inverno fora de circulação para deleitar os ávidos por boa prosa reportada. No site é possível baixar algumas edições antigas, a bela n+1 oferece algumas versões em inglês e espanhol, além de contar o dramalhete da reforma da revista, e a Virginia Quarterly Review publica um bom apanhadão latino (em inglês) que inclui diversos textos originalmente publicados na revista. Destaco os Hitlers de Leonardo Habekorn, o macaco de Daniel Alarcón, uma história de amor de Gabriela Wiener e o boxeador de orelhas perfeitas de Santiago Roncagliolo.

Talese que se cuide.

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