Bauru é um dos poucos lugares no mundo onde se pode sair de Manchester e chegar a Shangri-la, passando por Nagasawa. De ônibus.
Em Bauru (essa semana e as duas próximas, apenas) o circo Napoli, paulista, apresenta seu inesquecível show das bandeiras. A trilha tem hinos de diversos países e termina com We are the world.
Fernando, um gay magrinho, de gel no cabelo e boné de lado, já pediu algumas vezes para fugir com eles.
Os funcionários já estão sem paciência. E a estréia foi anteontem. Enquanto isso, Fernando, que mora a 15 quilômetros do Centro, ajuda com as pipocas.
O espetáculo mais divertido do Napoli é o da cama elástica, protagonizado pelo filho do palhaço Eduardo e pela filha moreninha da trapezista. Acontece sempre depois que todo mundo sai e eles, sem dúvida, são os que mais se divertem. Acaba quando uma das mães berra que vão sujar o pijama.
A equipe de malabaristas da gangorra quer ir pra outro circo. Pede fotos, debate poses discretamente. Pede que mande tudo para o email. O endereço é mais ou menos assim: fulano.circos@gmail.com. "É melhor porque cabe foto grande".
A melhor trapezista, Andréa, também equilibra um castiçal com velas na ponta de uma adaga que segura com a boca, enquanto sobe escadas de uma perna só. Enquanto espera o próximo número, põe um avental e vende churros. Tem músculos delineados nas costas, uma bunda feita com photoshop e sua maquiagem tenta deixá-la com cara de travesti. É linda.
Em tempo: é a primeira a entrar no show das bandeiras. Leva a da Itália.
Richard raspa os cabelos do lado da cabeça, ficado só com um moicano que lhe deixa com jeito de guaxinim. Sua roupa de veludo preto suja muito. Por isso ela fica sanduichada dentro de uma outra, de lona. Richard veste as duas, tira a de cima só na hora de ir pro picadeiro, e a veste de novo assim que sai. Aí tira as duas e vai terminar sua coca-cola.
Não há nem metade das cadeiras cheias no Tivoli. É a terceira e última apresentação do domingo.
Amanhã, às nove horas da manhã, 30 bóias-frias receberão indenização por terem sido flagrados trabalhando em condições análogas à de escravidão numa fazenda de cana-de-açúcar. Um deles foi picado por uma cobra que fugia do canavial em brasa.
O bauru do Lula, na esquina da praça principal, não vem com bife, mas com rosbife. É o melhor de Bauru, ele explica.
28.10.07
Bauru em Bauru
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1 comment:
mudou de assunto.
very nice.
boa, sei lá o que vc escreveeu.. legal
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